Quando terminei o 3º ano, prestei meu primeiro vestibular (para Direito) e levei bomba, nunca imaginei que isso poderia ser bom. Um ano depois, incentivado por pessoas que viviam falando bem dos meus textos, decidi fazer jornalismo e com medo de levar bomba novamente, resolvi procurar também o curso de uma faculdade particular. Entre as faculdades e os cursos, escolhi Publicidade e Propaganda, mais pela denominação Comunicação Social ser a mesma de Jornalismo, do que por qualquer outra coisa, afinal, até então, Publicidade e Propaganda para mim, era a parte chata da programação da televisão.
Naquele ano, para minha surpresa (nunca fui um mau aluno, mas também odiava estudar para o vestibular), consegui passar para jornalismo e também para publicidade. Resumindo o muído, frequentei as aulas dos dois cursos por um semestre, mas resolvi me dedicar a uma só coisa, e como o mundo da Publicidade já havia me fisgado, larguei a segurança de uma Universidade Federal, para me aventurar no mundo dos criativos. Mas como toda atitude tem uma consequência, tive que procurar um emprego para conseguir pagar, pelo menos, uma parte da mensalidade. Comecei a correr atrás, pedindo daqui e ali, batendo em tudo que era agência de João Pessoa, até conseguir uma oportunidade em uma pequena agência da cidade chamada Estratégia Publicidade. Até hoje agradeço a Rui Silva, por ter me aberto às portas daquele tão intrigante mundo da propaganda.
A agência era pequena, Rui (o proprietário), eu e mais dois diretores de arte ficávamos na maior sala da agência, em uma sala ao lado, Diego trabalhava como uma espécie de faz tudo, diagramando tabloides e fazendo as correrias de RTVC. Em uma sala ainda menor, ficava Thaysa, responsável pela mídia. Eu participava de todas as criações, sempre rolavam brainstorms, onde eu tinha a oportunidade de dar algumas ideias, que dificilmente eram aproveitadas (era cada coisa sem noção). Quando o movimento da criação era pequeno eu passava o dia ajudando a galera. Cortava foto, ajudava escolher mídia, saia para entregar arquivo em gráfica, ia acompanhar edição de filme, enfim, eu era um estagiário.
Lembro com muito carinho de um job que chegou para uma loja infantil. Tínhamos que criar uma logomarca, slogan e todo o padrão visual, o nome da loja era Nika Trika. Rolou o brainstorm e eu sugeri fazer algo com magia. Criamos uma logo que era um chapéu mágico e o slogan era “a magia de vestir bem” (o primeiro slogan que eu criei).
Eu era um estagiário e não tinha um papel definido dentro da agência, estava ali para aprender.
No fim do ano, como é de praxe, teve o amigo secreto da empresa, confraternização de fim de ano e festa. Fizemos o sorteio e meu amigo secreto foi Gisleine, esposa de Rui, que cuidava do setor financeiro da agência. A essa altura eu já estava muito enturmando com a equipe da Estratégia, já almejava muito me estabelecer como redator publicitário e deixar o cargo sofrível, de estagiário. O fato de minha amiga secreta ter sido Gisleine me pareceu uma excelente oportunidade para mostrar meus textos. Não lembro qual foi o presente que comprei para ela, mas sei que dediquei um bom tempo em um texto que compunha o cartão.
No dia da confraternização, teve a entrega dos presentes e quando eu entreguei o presente, fiquei na expectativa de que ela lesse o cartão. O texto falava sobre o orgulho de vestir a camisa da empresa, agradecia pela oportunidade e coisas desse tipo. Para a minha surpresa e alegria, ela levantou, pediu a palavra e leu o meu texto em voz alta para toda a equipe, foi muito massa, senti orgulho e alegria.
A confraternização foi em um sábado, e na segunda-feira que sucedeu esse dia, Rui e Gisleine me chamaram e me contrataram como redator.
Não é uma história ousada como a do carro quebrado de Washington Olivetto, mas é algo que pode seguir de exemplo para estudantes. Sua oportunidade pode estar no papelzinho amassado de um amigo secreto.
Sobre o autor: Masao Yogi Junior é graduado em Publicidade e Propaganda e pós graduando em Marketing e Comunicação. Atua no mercado publicitário da Paraíba há mais de 10 anos como redator e diretor de criação, tendo passagem por diversas agências do estado. Atualmente é sócio diretor de criação da Agência CaféCom Propaganda.

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